CRONICAS

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Entrevista com Ananias , O Primata

 

ENTREVISTA COM ANANIAS, O PRIMATA

No seu dia a dia, Ananias, O Primata, numa atitude filosofante, faz profundas imersões a respeito dos erros e acertos do Homo Sapiens. Nesta entrevista, opina sobre temas diversos.

 
 
Ananias, o que é uma Teoria?
É algo sobre o qual você escreve, mas que já funciona na prática.
 
E uma fórmula ?
É a cartomante da Teoria.
 
O que era a vaia?
A vaia era um mero exercício fonoaudiológico.  Hoje, já não é mais.
 
O que é o aplauso? Ou melhor, o que é uma platéia em pé aplaudindo alguém?
É pactuar com os mesmos erros daquele que é aplaudido.
 
Qual o seu conceito a respeito do voto ?
O voto está para o eleitor, assim como a alavanca está para Arquimedes. Este disse: “Dêem-me uma alavanca e moverei a Terra”. O povo dispõe da alavanca, o voto.
No entanto, o voto sempre foi um feriado para muitos brasileiros. Hoje, o povo está fazendo “horas extras” nas ruas e isso pode mudar. Espero que mude.
 
O camarão fará parte do cardápio rotineiro dos brasileiros das classes menos favorecidas?
Em primeiro lugar, os brasileiros deverão aprender que camarão não se mastiga, se degusta. Mas não tenho nenhuma dúvida que irá integrar a rotina alimentícia (?) das classes menos favorecidas.
Isso ocorrerá quando as classes mais favorecidas descobrirem que o camarão é o “urubu do mar”.
O professor Hermógenes ensinava: quer achar um cadáver no mar ? Guie-se pelos camarões.
 
 
AUGUSTO AGUIAR
 
 
 
 
 

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Em 1955, José Lins do Rego ingressou na Academia Brasileira de Letras. No seu discurso de posse, o escritor, referindo-se ao seu antecessor, comentou:
-Ataulfo de Paiva chegou ao Supremo Tribunal Federal sem ter sido um juiz sábio e à Academia sem nunca ter gostado de um poema.
Note que, no caso acima, Zé Lins foi indelicado. Podia haver motivos, mas não deveria haver constrangimentos. A partir desse fato, a Academia interveio na questão: todo discurso de posse passaria por uma análise prévia.
Há alguns anos, numa cidade da minha região, ministrei uma palestra num clube considerado uma das forças vivas da sociedade. Não estavam previstas perguntas, mas surgiram e delicadamente as respondi.
De repente, estimulado por umas cervejinhas a mais, um juiz de direito, recém- aposentado, perguntou-me:
-O que significa a palavra Correios?
A oralidade da pergunta não denota a expressão fisionômica maliciosa do seu autor. Era como se me dissesse:
-Te peguei. E agora ?
Para essa pergunta, ocorrem duas respostas. Caso omitisse uma delas, ele exploraria esse espaço vazio. Em seguida, respondi:
-Etimologicamente, a palavra Correios significa andar depressa, acelerado. Por outro lado, na condição de pessoa  jurídica, é a empresa pública detentora do monopólio dos serviços postais e telegráficos no Brasil.
Acrescentei: - Em 1961, época do governo de Jânio Quadros, a razão social dos Correios era Departamento de Correios e Telégrafos. A partir de 20/03/1969, foi transformado em empresa pública com a denominação de Empresa Brasileira de  Correios e Telégrafos.
Então, pensei:-Encontrei a solução que ele não esperava. Vou desestabilizá-lo.
Lembrei-me do professor Reinaldo Polito, destacado especialista no ensino da expressão verbal, cujo CD, anexo a um dos seus livros, trazia um pronunciamento de Jânio Quadros, orador habilidoso. Isso era tudo que precisava.
-Já que mencionei Jânio Quadros, a título de descontração, vou contar uma rápida história. – disse aos presentes.
-Certa vez, ele ministrava uma conferência em uma das faculdades de São Paulo – fui relatando – quando foi interpelado por um aluno:
-Você conhece Benjamin Flanklin ?
Jânio respondeu:
-Não, não conheço o Benjamin Franklin, o inventor do pára-raios. Conheço o Benjamin Franklin orador, filósofo, diplomata, estadista. Pois bem, ele certa vez disse com muita propriedade : “a intimidade produz aborrecimentos e filhos”. E com o senhor não desejo nem uma coisa, nem outra”.
Todos riram, menos o juiz. Ou melhor, ex-juiz.
 

Autor: Augusto Aguiar
Filiado à União Brasileira de Escritores - UBE

Membro Correspondente da Academia Ribeirãopretana de Letras
www.stilocidade.webnode.com

A crônica Foto:

A Crônica, edição de 1987, Editora Ática, Série Princípios, é um livro pequeno, mas diz muito. Aliás, diz tudo. O formato é quase de bolso, espessura de alguns milímetros, conteúdo imensurável. No final do livro, além do Vocabulário Crítico, há outro recurso interessante: a Bibliografia comentada, excelente fonte de pesquisa.

Se uma parcela, apenas uma, dos livros didáticos, fosse escrita com a leveza e profundidade dessa obra, a meninada adoraria estudar.   Jorge de Sá, autor do livro, transpira talento. Na época era professor de Literatura Brasileira da Universidade Federal Fluminense e crítico literário do Jornal do Brasil. O cara não só escreve a respeito da crônica,  poetiza o tema. Leva-nos a percorrer os encantos desse gênero literário. Alguns excluíram-na dessa definição. Não são muito espertos.

Considerada um gênero menor, Jorge de Sá eleva a crônica à condição de célula mãe da nossa Literatura. A carta de Pero Vaz de Caminha é o documento vital dessa afirmação.  Uma definição incabível, dirão os  arianos dos gêneros literários. Então, vejamos:

"Indiscutível, porém é que o texto de Pero Vaz de Caminha é criação de um cronista no melhor sentido literário do termo, pois ele cria com engenho e arte tudo o que ele registra no contato direto com os índios e seus costumes, naquele instante de confronto entre a cultura européia e a cultura primitiva... A verdade da crônica é o instante." – escreve o autor.

Chama a atenção para o fato da realidade – conforme a conhecemos, ou como é recriada pela arte – ser feita de pequenos lances.

 "Estabelecendo essa estratégia, Caminha estabeleceu também o princípio básico da crônica: registrar o circunstancial. "" – ensina-nos.

E finaliza: "Nossa literatura nasceu, pois, de uma circunstância. Nasceu da crônica".

Jorge de Sá mostra-nos que ela dirige-se a um público determinado.  E disseca a questão: "Mas que público é esse? Sendo a crônica uma soma de jornalismo e literatura (daí a imagem do narrador-repórter), dirige-se a uma classe que tem preferência pelo jornal em que ela é publicada (só depois é que irá ou não integrar uma coletânea, geralmente organizada pelo próprio autor).Daí a necessidade de transferi-la do jornal para o livro. Nessa transposição, é claro que o escritor está buscando fazer da tenda precária e cigana uma casa sólida e mais duradoura.".

Essa ritualização encena uma série de detalhes e é uma das suas características. No jornal, tropeça no limite dos espaços disponíveis. Então, deve ser escrita da maneira mais breve possível. "É dessa economia que nasce a sua riqueza estrutural." – explica-nos Jorge de Sá.

Os tipos urbanos povoam a crônica, diz ele. Cita um trecho – entre muitos - de uma crônica de Fernando Sabino: "Não estamos sós".

"...Sabino nos fala da solidão de dois amigos que se embebedam apoiados no jogo da  linguagem: a dipsomania - impulso periódico e irresistível pelo álcool - existe  quando a pessoa bebe sozinha, e , como os dois estão juntos, poderão curar a ressaca bebendo outra cerveja. A partir do título da crônica – ‘Não estamos sós’ – o escritor brinca com as palavras, exatamente para mostrar a solidão disfarçada em etílica (alcoolizada) solidariedade. Que também traz em si um pouco de poesia. Afinal, o poeta que vive bebendo pelos bares da cidade, alongando o caminho de volta para a casa, é outro tipo urbano".

Cá pra nós: é um dos gêneros mais lidos. Os que a discriminam como um gênero menor, querem o quê ? 


Relembrando: "Nossa literatura nasceu da crônica". 

Augusto Aguiar
Filiado à União Brasileira de Escritores –UBE
Membro Correspondente da Academia Ribeirãopretana de Letras

Blogueiro: www.m-cultural.blogspot.com

www.stilocidade.webnode.com

 

 

Homenagem ao meu avô materno JOÃO QUIRINO DE MORAES : personagem anonimo no povoado de BEBEDOR         Silvia Coelho - 01 05 2013 - 14:30hs

 

Abrindo uma janela da minha historia que não vivi mas sinto que os reflexos deixaram

em mim essa garra de mulher guerreira e como nada é por acaso, vou ouvindo historias

que me são passadas pela intuição e vou escrevendo essa historia de amor

Com sua mula , aparando e juntando animais batiam o chão debaixo de chuva e sol

Chapeu atolado na cabeça, manto cobrindo os ombros para suportar as noites frias

desbravando sertões, apartando gado, abrindo caminhos

caipira, sertanejo, boiadeiro ou tropeiro era um homem de fibra

mão grossa pela labuta das selas e dos arreios mas

caricias lisas quando chegava mesmo que a voz autoritaria e de comando o mostrasse um homem bravo

olhar serio, pouco sorriso, mas a bondade refletia-se onde estivesse, pessoa fiel, hospitaleira e bondosa

acreditava em Deus, elegante

preocupado com a educação dos filhos

não se esquecia de trazer das suas viagens tecidos bem coloridos para enfeitarem suas filhas, cortados os vestidos alegres que as faziam mais lindas, o orgulho que não disfarçava

Homem livre, sem carteira de trabalho, fidelidade da palavra, comportamento moral nas atitudes e nos negócios assumidos

Cumprimento dos horarios, pouco sono, o entardecer e o amanhecer o fazia um verdadeiro entendido do tempo, sabia horas, minutos ou ate segundos, mesmo que o relogio pataca pudesse ser usado apenas em ocasiões especiais pendurados a corrente no coz da calça

Mesmo vivendo numa epoca em que fazendeiros se perpetuavam no poder, preferia ser

o homem que guardava o gado ate o local que teria que deixa-los

e de longe observava o que o poder economico de muitos e o prestigio religioso os tornassem lideres politicos locais, os famosos coroneis que foram surgindo

e esse retrato de homem destemido me espelho,

quebrando paradigmas e aceitando desafios todos os dias

esse gosto por gado mesmo não tendo nenhuma cabeça, é uma paixão que me alucina

viajar, conhecer estradas, sonhar com uma casinha numa chacara cheia de flores coloridas,

pena que partiu tão cedo, por dores que o levaram sem muito tempo de ser diagnosticado

com exatidão e ter tido mais vida

E este homem tambem ajudou para abrir tantos caminhos nessa terra de Bebedor.

Mas o exemplo deste homem ficou impregnado em nossas raizes, em nossa descendencia,

e parece que escuto o trote de sua mula sair em disparada neste cheiro de saudade perfumado com o aroma do campo .

Sua benção meu avô!

 

BAILES MEMORÁVEISFoto


Autor: Augusto Aguiar
Filiado à União Brasileira de Escritores - UBE

Membro Correspondente da Academia Ribeirãopretana de Letras
www.stilocidade.webnode.com

Quero vender um Camelo 

 

O que tem de igual entre um desfile de escola de samba, e os governos?

Nada, ou melhor, tudo é igual.

Todos os governos têm um enredo diferente como as escolas de samba também têm.

Vejamos os últimos sambas enredos que alguns governantes já apresentaram  nas avenidas.

O primeiro samba enredo entrou na avenida já com um desfalque, seu presidente havia morrido sem ver o samba na avenida, havia um clima terrível, e o samba teria que superara este clima, então surge o samba enredo “Fiscais do Sai-ney”.

O samba tinha um ritmo bem animado, as donas de casas cantavam pelos corredores dos supermercados, denunciando tudo e todos, a tal da inflação de 80% ao mês, teriam um fim avassalador. Mais as notas agudas do samba enredo fez os fiscais perderem suas vozes e o samba caiu no esquecimento.

O Segundo grande samba enredo foi fabuloso, com o tema “Caçadores de Marajá”.

Tinha tudo para ganhar na grande avenida, o samba era bem popular, motivador, mais desafinou, logo no começo colocaram uma comissão de frente que esvaziou as contas de todos com um confisco financeiro, e depois disto um desastre, certo caixa dois (alguém da bateria estava no batuque errado, Farias muita diferença.) e foi à bancarrota.

Como o samba não chegou ao final da avenida, o ultimo recurso foi, mudar a letra do samba para o “Tope do Ita-mar”.Uma sambinha meio sem graça, meio sei lá. Chegou ao final mais por pouco não caiu para o desfile do segundo grupo. Alguns misturavam o samba com a marchinha“será que ele é”. E o samba não virou.

No próximo carnaval veio uma grande novidade, um samba com ar de intelectualidade com o enredo “Plano real”,fazia as arquibancadas sambarem, um compositor de primeira categoria com planos e mais planos, a ala dos Genéricos, vários destaques, e o samba passou e o povo não lembrava mais da letra de tão intelectual, e planos e planos. Ficou apenas o refrão que ate hoje alguns ainda cantam “de Fernando em Fernando o enredo vai se ferrando”.

Eis que no outro carnaval uma reviravolta total, do intelectual ao sem diploma, um arrombo com um enredo muito forte “FOME ZERO”, de imediato todos achavam que seria uma propaganda de refrigerante para diabéticos, com zero de açúcar, mais não era. A arquibancada ficou animada, pois alem do samba não haveria mais fome, seria um paraíso de comilanças, eram tantas as fomes saciadas que ate pelas cuecas dólares caiam o enredo passo e a fome,... Ate que ajudou.

Mais a comissão de carnaval achava que era melhor mudar o tema, pois fome da fome, e nada melhor do que dar ao povo aquilo que eles não podem comer Petróleo, e ai surgiu um novo enredo “Pré Sal” um samba com notas dissonantes, um batuque diferente, com paradinha e tudo, pouca gente sabia o significado do enredo, era uma mistura de sal com petróleo, com royalties, quem sabe uma salada para combater as gordurinhas acumuladas com a fome zero, mais era um investimento e dos grandes, eu cheguei ate pensar em comprar um camelo, pois achava que ganharia muito dinheiro, como nos países petroleiros. Pessoas já projetavam o Pré sal. Já havia agencias preparando o slogan de compre seu Pré sal infiniti, e claro e bem vivo. E Tudo virou sal. ninguém mais fala disto ate o petróleo ficou mais caro, quando tinha tudo para se tornar o maior produtor de... Quem sabe camelos.

 

Este ano um novo enredo promete mudar tudo “Fim da pobreza”... Vou vender o meu camelo.

 

 

RUBENS MARCON.

RUBENS MARCON.
Life Coach.

 

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