Garapa é saudável mas a fuligem da cana é maléfica

28/07/2013 22:29

         O caldo de cana: a famosa garapa é saudável e deliciosa,  composto de água e sacarose (açúcar), conserva todos os nutrientes : minerais (ferro, cálcio, potássio, magnésio, sódio, fósforo e cloro); vitaminas do complexo B e C; proteínas, ácidos graxos, ácidos fenólicos e flavonóides. Trata-se de uma bebida energética capaz de restaurar o glicogênio muscular, além de ajudar na hidratação e auxiliar no fortalecimento do sistema imunológico e ajudar a proteger as membranas de nossas células, prevenindo os efeitos do envelhecimento precoce e o câncer. 

         O consumo excessivo pode ter como consequência o ganho de peso e desencadear doenças, como o diabetes e já os diabéticos devem consumir com cautela, pois é uma bebida rica em carboidratos simples (açúcar).

        Mas a terrível fuligem das queimadas da cana-de-açúcar, que com o passar da vassoura ou com o vento é um causador terrível de  problemas de saúde, causados pelos mais de setenta produtos químicos inclusos nessa fumaça, confirmada por estudos de pneumologistas, biólogos e físicos, penetram no sistema respiratório provocando reações alérgicas e inflamatórias. Ainda assim, os poluentes vão até a corrente sanguínea, causando complicações em diversos órgãos. Os poluentes têm causado inúmeras internações e, consequentemente, altos gastos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

           Como se não bastassem os problemas sociais e de saúde, os danos ambientais, há a visível exploração dos trabalhadores. É uma questão de segurança da saúde do trabalhador e da população do entorno das grandes plantações de cana cujo corte ainda é manual.   Se o  argumento mais forte para fazer uma transição gradual para a mecanização ou trocar licenças de queima por compensações pelos danos ambientais, é de ordem social, a mecanização do corte desemprega pessoas. 

           A saída é retreinar esses trabalhadores para outras tarefas num tempo mais rápido, acabar com o contrato temporário, empregar os cortadores na entressafra para reparação de APPs, no plantio de matas ciliares, em ações ambientais que a maioria absoluta das fazendas de cana certamente precisa; terminar com o pagamento por produção, dar material que facilite o corte sem queima preparando os trabalhadores na transição para a mecanização. A queima é intolerável e não devia mais ser autorizada para que a nossa saúde seja preservada deste mal.

 

Silvia Coelho

Pedagoga, Jornalista e Publicitária

Publicação na Folha da Cidade dia 27 07 2013

© 2012 Todos os direitos reservados.

Crie um site grátisWebnode